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Música, a MPB e as Sertanejas

MPB e as sertanejas

Não dá para conversar sobre desmatamento ou eleição nos EUA numa terça feira gorda. Vou, numa conversa de pós feriadão, é explorar um assunto da área musical que me encuca por muitos anos.

Me encabula como tem compositores que produziam antes uma enorme quantidade de música e de repente a fonte seca. Chico Buarque de Holanda e Roberto Carlos, que tem uma montanha de sucessos no passado, empacaram e não saem mais músicas como as antigas. No exterior podem ser citados Bob Dylan e Paul Macartney. Como é que gente desse quilate não produz mais nada perto daquilo que produziam?

Inventei uma tese. Há uma época de domínio de certo ritmo musical. Nesse momento aparecem compositores aos montes, surgem músicas novas e de qualidade em grande número. Quando passa aquela euforia, a produção tende a cair e os compositores daquele tipo de música sofrem uma pane ou sei lá o quê e param de produzir como antes.

Pego a MPB como exemplo. Vamos dizer que ela tomou conta do espaço musical nacional de 1960 a 1985, fim do regime militar. Olha a quantidade de compositores daquele período da música brasileira.

Chico Buarque, Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Edu Lobo, Marcos e Paulo César Valle, Carlos Lyra, Aldir Blanco, Baden Powel, João Gilberto, Caetano, Gil, Geraldo Vandré, Milton Nascimento, João Bosco, Jorge Ben, Paulinho da Viola, Martinho da Vila, Zé Kéti, Ivan Lins, Zé Ramalho, Fernando Brandt, Gonzaguinha, Jorge Aragão, Paulo César Pinheiro, Gianfrancesco Guarnieri, Moraes Moreira.

Não estou falando de nomes como Pixinguinha, Ari Barroso, Cartola, Ataulfo Alves, Adoniram Barbosa ou Lupiscinio Rodrigues. São compositores de antes do período aqui enfocado. Não estou falando também dos compositores da Jovem Guarda quando se inicia o chamado rock brasileiro.

No auge da MPB apareciam nomes de compositores quase que do dia para noite. Era como o futebol brasileiro revelando gente nova. E de repente a fonte secou. Alguns dos nomes citados morreram, mas outros estão vivos e cadê as músicas novas? Não aparece nem uma para remédio, como se dizia antigamente.

Hoje o domínio é das músicas sertanejas. Tem gente que acha que ela vai expandir tanto que pode sufocar os outros ritmos. Que ela não vai parar de crescer e terá sempre novos compositores. Na minha tese inventada acho que um dia irá diminuir a quantidade de composições desse ritmo. Não acabar, como não acabou a MPB, mas a fonte de inspiração tem limites.

Hoje aparecem compositores desse tipo de música quase na mesma proporção do que ocorreu antes com a MPB. Deram-me alguns nomes. E quem fez essa pesquisa disse que, no geral, um dos componentes de uma dupla sertaneja é também compositor.

No passado tinha Alvarenga e Ranchinho, Pedro Bento e Zé da Estrada, Tonico e Tinoco, Milionário e José Rico. Com o passar do tempo, já no momento sertanejo e não mais caipira, surgem os nomes de Chitãozinho e Xororó, Teodoro e Sampaio, Daniel, João Mineiro e Marciano, Leandro e Leonardo, Zezé di Camargo e Luciano. E já recentemente nomes como Bruno e Maroni, Cezar Menoti e Fabiano, João Bosco e Vinicius e Vítor e Léo. Tem ainda os compositores da chamada música de raiz, como Rolando Boldrin, Renato Teixeira, Almir Sater e Pena Branca e Xavantinho.

A sertaneja está no auge e vai continuar a trazer nomes novos por um bom tempo. Acho que isso não será eterno, tem um limite, como tiveram outros ritmos no Brasil e no exterior.

Além disso, não sei se as sertanejas terão o alcance da MPB. É que esta nasceu nos grandes centros e veio para o interior do Brasil. E a sertaneja está fazendo o caminho inverso. Não sei se empolgará, como fizeram outros ritmos urbanos, os grandes centros nacionais.

Mas, por agora, é um ritmo prolífico em composições novas. Está criando seu espaço. Ocupará no futuro um nicho, junto com outros ritmos nacionais.

Autor: Alfredo da Mota Menezes

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