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O tempo está fechando

O tempo está fechando


Na última sexta-feira estive em Rondonópolis, convidado para ser moderador do Seminário da Aprosoja, que discutiu o endividamento rural dos produtores de Mato Grosso. Foi um seminário tenso, com posições tensas e até mesmo um forte ar de desânimo misturado com perplexidade. O setor da soja está mal posicionado na safra 2008/2009, com perspectivas de redução de até 30% da área plantada.

Somam-se muitos fatores. Entre eles, o estúpido encarecimento dos custos de produção. De outro, a falta de crédito para o plantio. Sem contar que as dívidas negociadas recentemente através da Medida Provisória 432, de 2008, mais cria muita confusão sem resolver os problemas de endividamento. Na opinião dos participantes do seminário e dos próprios técnicos do governo presentes, o problema é que o governo trata o Brasil como se fosse uma região única e uniforme e não tivesse particularidades como Mato Grosso, com sua problemática de custos de logística caríssimos.

A Medida Provisória ainda sofre influências de bancadas parlamentares mais numerosas e mais articuladas, e acabam beneficiando setores como o do cacau e do café, por exemplo, em detrimento do arroz ou da soja. O Diretor de Programas do Ministério da Agricultura, José Gerardo Fontelles, explicou longamente todos os meandros da MP, e o assessor técnico da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, Nelson Fraga, as alterações posteriores, e Sávio Rafael Pereira, coordenador geral do Departamento de Abastecimento Agropecuário do ministério, também fez avaliações em torno de toda a problemática do endividamento e das políticas rurais.

Independente das nuances que contornam todos os aspectos do endividamento, três parlamentares mato-grossenses acompanharam o seminário: senador Gilberto Goellner, o deputado federal licenciado, Homero Pereira, e o suplente Eduardo Moura. Mas parece que a questão acaba sendo maior até mesmo do que a simples articulação da pequena bancada parlamentar federal do estado. Dentro do governo federal em geral, e em áreas sensíveis do Ministério da Fazenda, por exemplo, forte carga ideológica do PT está viva em ocupantes de cargos-chaves que, ostensivamente, se desinteressam pela agricultura empresarial.

Aliás, aqui vão dois pontos: 1 - o Banco do Brasil só financia 24% da agricultura empresarial brasileira e privilegia a chamada agricultura familiar, como de resto ela “encanta” o governo. 2 - os produtores de soja de Mato Grosso acreditam que o plantio de 2008/2009 será reduzido em 30% de área, por falta de fertilizantes. A soja gastaria 3 milhões de toneladas de fertilizantes, mas apenas 2 milhões já foram comprados. O milhão restante depende de crédito ou de recursos que os produtores não têm. Isso, sem contar a cartelização de todos os setores que vendem insumos e elevaram os preços em até 100 por cento.

E, para finalizar: se os produtores de Mato Grosso pagassem a dívida rural que vence em 2009, teriam que desembolsar 1 bilhão e 300 milhões de reais. Mas sua receita será de apenas R$ 300 milhões. Entre outros pontos ruins, aí está um dos mais difíceis elementos da equação produção versus endividamento. O ambiente da soja e da agricultura de modo geral, não está nem um pouco animado para a safra que deverá ser plantada dentro de 45 dias.



* ONOFRE RIBEIRO é articulista da Fonte: Jornal Diário de Cuiabá

onofreribeiro@terra.com.br

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